Foi no passado mês de Setembro que tive oportunidade de me deslocar pela segunda vez às instalações do restaurante Rubro Avenida, situado na Rua Rodrigues Sampaio em Lisboa, para um jantar com vinhos da Quinta do Monte d’Oiro, representada pelo director-geral Francisco Bento dos Santos.
No contexto pós-pandemia, foram introduzidas alterações significativas nas instalações do restaurante do Campo Pequeno, aonde nos deslocávamos habitualmente, sendo agora os jantares vínicos realizados no Rubro Avenida.
Tivemos oportunidade de provar e degustar 7 vinhos do portefólio da empresa, de acordo com os momentos do jantar como é habitual.
Na fase dos petiscos estavam disponíveis o Quinta do Monte d’Oiro branco e o Quinta do Monte d’Oiro rosé, ambos de 2021.
Elaborado com um lote de Viognier, Marsanne e Arinto, o branco 2021 mantém o perfil habitual: muita acidez e frescura, aroma intenso a frutos do pomar com algum citrino à mistura, vibrante e suave. Um branco polivalente, uma espécie de todo-o-terreno.
Já o rosé 2021, feito unicamente com Syrah, não deixa de ser um rosé interessante mas perde na comparação com o branco se provado em simultâneo. Não se destaca se bebido a solo, comportando-se melhor à mesa.
Passou-se depois à mesa onde, ainda em modo de entrada, se pôde provar um carpaccio de polvo acompanhado pelo Quinta do Monte d’Oiro tinto 2019, também um monocasta Syrah. Este requer pratos um pouco mais elaborados, tendo acabado por se sobrepor ao prato. Não brilha nestas circunstâncias, requerendo pratos mais elaborados e com bons temperos.
Quando se passou aos pratos quentes, vieram os pesos-pesados. Primeiro uma espécie de trufas com salada para emparelhar com o Quinta do Monte d’Oiro Tinta Roriz 2019. Esta foi quanto a mim a melhor parceria da noite, estando o vinho numa fase de evolução excelente, com muito vigor, estrutura, intensidade aromática e final longo. Surpreendente o grau alcoólico, com apenas 12,5%. Muito bem conseguido. “Um vinho com têmpera, nobreza e carácter” (referência no contra-rótulo ao antigo nome, Têmpera).
Seguiu-se o inevitável chuletón de boi, um must nestes jantares do Rubro, que foi acompanhado por dois tintos: o Quinta do Monte d’Oiro Touriga Nacional 2019, “um vinho que eleva a majestosa Touriga Nacional a consagrar a expressão áurea do terroir do Monte d’Oiro” (referência no contra-rótulo ao antigo nome, Aurius), é um vinho ainda para crescer. É elegante e delicado, mas ainda está numa fase evolutiva precoce.
Não brilhou na comparação com o Quinta do Monte d’Oiro Reserva tinto 2017, o mais representativo dos Syrah da casa que habitualmente contém uma pequena percentagem de Viognier (4 a 5%). Este é claramente o vinho mais vocacionado para evoluir em garrafa, e tendo-se provado recentemente as colheitas de 2004 e 2012, nota-se bem a diferença para este 2017 que ainda está um jovem adulto mas longe da maturidade. Já exibe estrutura e aroma com alguma exuberância, mas ainda aquém daquilo que pode atingir.
Finalmente, na fase de encerramento em que abdiquei dum folhado de queijo, e na ausência dum vinho generoso, foi servido o Quinta do Monte d’Oiro Reserva branco 2018, o ícone da casa para a casta Viognier. Algo contido e austero, no nariz mostra-se delicado e frutado sem ser exuberante, com um ligeiro amadeirado da barrica, bom volume de boca, estrutura e final elegante. Um vinho também para crescer.
Sob a batuta de Francisco Bento dos Santos que nos deu o prazer de partilhar a mesa connosco, tivemos um belíssimo serão com óptimos vinhos que esperamos vir a provar de novo brevemente.
Não se esperava menos.
Kroniketas, enófilo de barriga cheia e palato preenchido
Região: Lisboa (Alenquer)
Produtor: José Bento dos Santos - Quinta do Monte d’Oiro
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro 2021 (B)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Viognier, Marsanne, Arinto
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro 2021 (R)
Grau alcoólico: 12%
Casta: Syrah
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro 2019 (T)
Grau alcoólico: 13%
Casta: Syrah
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro, Tinta Roriz 2019 (T)
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro, Touriga Nacional 2019 (T)
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro Reserva 2017 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Syrah, Viognier
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Quinta do Monte d’Oiro Reserva 2018 (B)
Grau alcoólico: 13%
Casta: Viognier
Nota (0 a 10): 8
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