Não se pode acertar sempre.
Este rosé da Casa Ermelinda Freitas, elaborado com duas castas francesas emblemáticas, não está extraordinário. Sabendo que o Pinot Noir é uma casta de cor aberta e dá vinhos com alguma leveza, à partida será adequada para rosés. Mas esta mistura com o Merlot não saiu famosa.
Não apenas pela cor carregada, que não tem de ser sempre igual – agora a moda é fazer rosés quase sem cor, quando há uns 10 anos havia quem os fizesse quase da cor de tintos. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Mas o problema não está na cor, e sim no resto. Desde logo no aroma. Pouco expressivo, fechado, com a fruta quase imperceptível.
Na boca falta-lhe frescura e leveza, tornando-se algo rústico. É tudo o que não se espera dum rosé: leveza, frescura, acidez, aroma, boca vibrante. Este não tem quase nada disso.
Acresce que o preço também não é convidativo. Não se pode começar a colocar todos os rosés a preços a caminho dos 10 euros tendo em conta o mercado do rosé em Portugal. Já há quem os ponha a 15 e a 25 euros – um luxo!
Mas já sabemos como funciona o mercado do vinho em Portugal: cada vez que surge uma nova moda, todos vão atrás! Talvez seja uma boa ocasião para os produtores pensarem o que pretendem no mercado dos rosés: quanto vendem? Que quota de mercado representa? Quantos rosés compra cada consumidor por cada branco ou cada tinto? Não estarão a esticar demasiado a corda?
Responda quem queira e quem possa. Eu sou apenas um consumidor que paga por aquilo que bebe. E que quando não gosta do que bebeu, ou do que pagou pelo que bebeu, não volta a comprar.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Ermelinda Freitas, Pinot Noir & Merlot 2020 (R)
Região: Península de Setúbal
Produtor: Casa Ermelinda Freitas
Grau alcoólico: 12
Castas: Pinot Noir, Merlot
Preço em feira de vinhos: 7,99 €
Nota (0 a 10): 4
Comentários