Temos aqui uma primeira experiência com um vinho de talha produzido na Herdade do Esporão, recuperando uma prática ancestral deixada há mais de 1000 anos pelo império romano.
No Alentejo esta tradição tem vindo a ser recuperada pouco a pouco, essencialmente em três sub-regiões: Vidigueira, Reguengos de Monsaraz e Granja-Amareleja.
Em anos relativamente recentes a Herdade do Esporão começou a incluir alguns produtos com a menção específica de que tinham sido fermentados em talhas (ou ânforas) de barro.
Ainda não tive experiência suficiente em provas destes vinhos, produzidos especificamente em talha e denominados como tal, para perceber que diferenças são evidentes em relação aos vinhos produzidos sem passar pela talha.
Contudo, este branco elaborado com Roupeiro foi uma agradável surpresa, porque apareceu com um perfil significativamente diferente do que era expectável (ao contrário do tinto de que falaremos no próximo post).
Começou por apresentar uma cor palha muito carregada, quase de mel e a prometer grande evolução e, quiçá, alguma oxidação. Mas, surpreendentemente, nada disso se verificou!
O aroma estava limpíssimo, fresco e jovem! Já não predominantemente frutado, mas com algumas notas de evolução, algum melado e compotado, mas pleno de saúde.
Depois, na prova de boca, ainda surpreendeu mais, apresentando-se amplo, estruturado, fresco e persistente. Um vinho completamente desafiante e fora da caixa, diferente de tudo o que se poderia esperar.
O que mais surpreendeu foi de facto a grande juventude patenteada pelo vinho, um branco já com quase 5 anos! Se este é o resultado da fermentação em talha, então a aposta vale a pena!
Para primeira experiência, agradou plenamente e foi uma agradável surpresa, que valeu o preço que custou.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Esporão Vinho de Talha, Roupeiro 2017 (B)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Esporão
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Roupeiro
Preço: 13,25 €
Nota (0 a 10): 8,5
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