O projecto da Sogrape na Herdade do Peso tem tido o caminho mais sinuoso, com alguns pedregulhos no caminho e alguns ziguezagues na definição do portefólio.
Desde o tempo dos célebres Sogrape Reserva e dos monocasta (como o Aragonês e o fabuloso Alfrocheiro), muita coisa mudou com a criação de novas marcas, o desenho de novos rótulos e uma redefinição da gama disponível que nem sempre teve o maior sucesso, ao contrário dos projectos na Quinta dos Carvalhais e na Casa Ferreirinha, bem mais antigos e estáveis.
A gama de entrada tem sido a mais problemática, com algumas apostas de validade duvidosa. A afirmação deste Trinca Bolotas no patamar dos 4-5 € e pouco tem sido difícil e ao contrário do que acontece, por exemplo, com o Papa Figos no Douro, está longe de ser uma marca consensual e de agrado mais ou menos generalizado.
O primeiro contacto que tive com este vinho também não me despertou particular interesse, e não o tenho procurado.
Agora calhou cruzar-me com ele, e passados alguns anos parece que a fórmula já estará mais afinada. O vinho está mais bebível dentro daquilo que se espera num tinto alentejano. Está mais guloso e gastronómico, embora não seja um vinho para simplesmente degustar, porque pode-se tornar algo agressivo devido a uma certa adstringência que apresenta.
No entanto, à mesa e com pratos bem temperados, acaba por sair-se bem da função, e bebe-se sem dificuldade, tornando-se boa parceria para carnes com alguma intensidade no paladar.
Dito isto, parece que poderá merecer mais atenção do que até aqui. Mas pelo preço a que é vendido não se espere maravilhas, e terá concorrência muito forte com que se confrontar.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Trinca Bolotas 2019 (T)
Região: Alentejo (Vidigueira)
Produtor: Sogrape Vinhos
Grau alcoólico: 14%
Castas: Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Aragonês
Preço em feira de vinhos: 4,49 €
Nota (0 a 10): 7,5
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