No meu copo 756 - Bacalhôa, Greco di Tufo 2016

Já que estamos numa fase de experimentar novidades, passamos da José Maria da Fonseca para a empresa vizinha ali ao lado em Azeitão, a Bacalhôa.

Este monocasta lançado há alguns meses causou algum furor no meio, por ser vinificado de modo menos habitual e por usar uma única casta que provavelmente pouca gente conheceria em Portugal. Diz-se no rótulo que a casta Greco di Tufo é originária da Roma Antiga, pelo que se tratará (possivelmente) duma novidade em Portugal.

Como não sabemos quantas experiências e há quanto tempo foram efectuadas até se chegar a este resultado, vamos assumir que esta foi a primeira considerada em condições de vir para o mercado.

O vinho é bom, sem dúvida nenhuma, e algo diferente dos brancos a que estamos mais habituados. A cor é dourada clara, ali entre o mel e o laranja mas mais aberta, fazendo lembrar aqueles brancos mais envelhecidos. Não é disso que se trata: a cor é-lhe dada pelo facto de ter fermentado juntamente com as películas da uva “à moda ancestral que lhe confere corpo e capacidade de envelhecimento acrescidos” – informação do contra-rótulo, que refere também ser mundialmente chamado “Orange Wine” devido à sua cor evoluir para tons mais carregados.

O aroma e o sabor são bastante interessantes mas não muito fáceis de identificar logo de início. Começa frutado na boca, evoluindo depois para aromas e sabores mais complexos e persistentes, com algumas notas cítricas e florais.

Na boca apresenta-se elegante e profundo, complexo e estruturado, com final persistente e com boa acidez. Experimentámo-lo com umas entradas de presunto e queijo fresco e saiu-se muito bem, mas tem todas as condições para brilhar à mesa com pratos de peixe condimentados e complexos. Seria curioso prová-lo com uma caldeirada.

Um vinho diferente e que merece a atenção. Não sabemos se é para continuar, mas esta primeira prova convenceu-nos plenamente e consideramos que merece entrar desde já para as nossas escolhas.

A acompanhar.

Estão de parabéns os dois gigantes de Azeitão, pelos dois novos e belíssimos vinhos que tiveram a ousadia de colocar no mercado e que agora tivemos o prazer de provar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Bacalhôa, Greco di Tufo 2016 (B)
Região: Península de Setúbal
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Greco di Tufo
Preço: 11,50 €
Nota (0 a 10): 8

Comentários