No meu copo 325 - Brancos e rosés de João Portugal Ramos (1)

Conde de Vimioso Colheita Selecionada branco 2011; Conde de Vimioso rosé 2011; Marquês de Borba branco 2011; Vila Santa Reserva branco 2011


Desde há alguns meses, a empresa João Portugal Ramos Vinhos tem tido a amabilidade de nos enviar amostras de alguns dos seus vinhos (o que aliás culminou com o recente convite para a apresentação das novidades no Hotel Altis Belém, de que demos conta aqui e aqui). Brancos, tintos, rosés, espumantes, de vez em quando chega a casa do tuguinho um exemplar de um dos vinhos em que o produtor e enólogo coloca o seu dedo. Até agora, com uma frequência superior ao consumo que fazemos dos mesmos, por falta de oportunidade.

Não querendo, contudo, deixar passar a oportunidade que nos é facultada para fazermos a nossa apreciação dos ditos vinhos, tivemos oportunidade recentemente de apreciar três brancos e um rosé companhia dos comensais do costume, a acompanhar uns petiscos e entradas antes de passarmos aos pratos mais pesados...

Começando pelos vinhos do Tejo, ambos da gama de entrada e produzidos pela Falua na zona de Almeirim, as opiniões dividem-se e a minha opinião diverge significativamente entre o branco e o rosé.

O Conde de Vimioso Colheita Selecionada branco mostrou uma bela frescura e acidez, numa conjugação quase perfeita do Arinto com o Fernão Pires, não esquecendo que esta é uma casta que se dá particularmente bem naquela região e faz uma boa parceria com aquela que será, porventura, a mais versátil das nossas castas brancas, o Arinto, verdadeiro todo-o-terreno que melhora sempre os vinhos em que entra. Vinho suave, aromático quanto baste, com notas limonadas, leve na boca, perfeito para o tempo quente. Belíssima aposta a rever, e certamente difícil de superar pelo preço que custa. Pode dizer-se deste vinho que é daqueles que valem bem mais do que o seu preço pressupõe.

Já o Conde de Vimioso rosé não me agradou particularmente, à semelhança do que tinha acontecido com a última prova que fiz deste vinho já lá vão uns bons anos, e que na altura também deixou algo a desejar. Entretanto fomos afinando o nosso gosto em termos de rosés, tendendo mais para os secos e leves mas com alguma estrutura. Este mostrou-se um rosé adocicado, com corpo médio e final curto, algo delgado na prova de boca e com alguma falta de persistência mas, sobretudo, alguma falta de acidez que o torna algo “chato” e mortiço, acabando por tornar-se enjoativo. Em suma, não pareceu capaz de altos voos, talvez seja dos tais vinhos de esplanada mas neste patamar de preços, apesar de tudo, há outros mais apelativos. Sem esquecer que dentro da mesma região fica longe, muito longe, de outros muito mais marcantes, como os incontornáveis Quinta da Alorna ou Fiúza. É verdade que neste caso também estamos a falar de preços diferentes, mas mesmo assim dificilmente este vinho me convenceria.

Passando aos alentejanos, produzidos na propriedade de Estremoz, afinal o coração do projecto de João Portugal Ramos, entramos já noutra gama. O Marquês de Borba, na versão em branco de um dos mais conceituados tintos da gama média, mostrou um perfil algo austero, sem deixar de denotar alguma frescura, com notas tropicais e alguma mineralidade, com o Arinto (outra vez) e o Verdelho a trazerem a acidez necessária para complementar alguma estrutura e complexidade que lhe é conferida pelo Antão Vaz, a par com alguma elegância do Viognier. Também é um branco agradável e que não envergonha, mas em termos de relação qualidade/preço eu até me inclinaria mais, curiosamente, para o Conde de Vimioso.

Quanto ao Vila Santa Reserva, aí já estamos noutro campeonato. Trata-se dum vinho com outra estrutura e uma frescura notável para a região do Alentejo (mesmo que parcialmente fermentado em madeira), não parecendo nada um branco das terras baixas, o que vem confirmar que tanto a viticultura como a enologia (a par com a migração de castas entre todas as regiões – veja-se que este Vila Santa inclui Alvarinho e Sauvignon Blanc) têm operado pequenas maravilhas nos vinhos brancos em Portugal, sendo o Alentejo porventura a expressão máxima desses resultados. Ao fim e ao cabo, se não se obtém o vinho que se quer com as castas da região, vão-se buscar fora, e este vinho fez-se com um lote de 3 das melhores castas que por aí encontramos. E assim, de onde antes saíam brancos pesados, agrestes, amargos, agora encontramos brancos frescos, minerais, muito aromáticos e gastronómicos, capazes de se bater muitas vezes com outros de zonas mais frescas. Muito bem este Vila Santa, uma belíssima surpresa e um vinho a rever, que em nada desmerece a qualidade e a fama granjeada pelo seu irmão em versão tinta.

Resta agradecer à João Portugal Ramos Vinhos a simpatia que tem tido de nos enviar os seus vinhos para provarmos, e faremos o possível por ir provando e apreciando os restantes e trazer para aqui as impressões colhidas.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Região: Tejo (Almeirim)
Produtor: Falua - Sociedade de Vinhos

Vinho: Conde de Vimioso Colheita Selecionada 2011 (B)
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Arinto, Fernão Pires
Preço: 2,48 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Conde de Vimioso Colheita Selecionada 2011 (R)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Nacional, Syrah
Preço: cerca de 2,48 €
Nota (0 a 10): 5


Região: Alentejo (Borba)
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos

Vinho: Marquês de Borba 2011 (B)
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Arinto, Antão Vaz, Verdelho, Viognier
Preço: 4,99 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Vila Santa Reserva 2011 (B)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Arinto, Alvarinho, Sauvignon Blanc
Preço: 9,99 €
Nota (0 a 10): 8

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