No meu copo 694 - Vinha da Nora 2005

Este também é uma repetição, e foi provado na mesma ocasião do Vallado Prima referido no post anterior.

A última prova desta colheita (e última com este nome, pois em 2006 já apareceu com o novo rótulo e com o actual nome, Lybra) já tinha acontecido há alguns anos, mas ainda sobreviveram duas garrafas (e ainda se encontram por aí no mercado), que resolvi deixar para abrir em ocasião que o justificasse. E nada melhor que fazê-lo em boa companhia e a acompanhar uns belos bifes à café.

Começámos por deparar-nos com dificuldades inultrapassáveis na remoção da rolha, que se recusou a sair do gargalo e nem com todos os artefactos disponíveis foi possível extrair inteira. Depois de meio esfarelada e extraída em vários pedaços, a parte final teve de ser empurrada para dentro da garrafa. Seguiu-se a inevitável operação de decantação e filtragem para outro recipiente, para nos livrarmos dos restos de rolha que boiavam.

Como esta situação já aconteceu antes, não fiquei nada preocupado com o facto de ter empurrado a rolha para dentro do vinho, uma vez que depois de arejado ele acaba sempre por recuperar. E assim voltou a acontecer. Nem sinal de contaminação pela rolha, com os aromas muito limpos e a cor bastante concentrada.

Já se falou deste vinho por várias vezes neste blog, pelo que não há muito para acrescentar pelas suas características. Há muitos anos que o baptizei como vinho aristocrático (um adjectivo que é mais ou menos transversal a todos os vinhos da casa) e mais uma vez confirmei essa impressão. Para um vinho com 13 anos, sujeito a este mau trato na abertura, a saúde, juventude, concentração e acidez com que se apresentou são notáveis, e só confirmam estar-se em presença dum vinho de grande nível, que se pode beber com qualquer idade. Este não mostrou quaisquer sinais de envelhecimento precoce nem declínio, parecendo ter apenas uma meia-dúzia de anos. Está ali para durar, a julgar por aquilo que se bebeu.

De resto, é um vinho que se bate estoicamente com as marcas mais prestigiadas (e mais caras) da casa, e, não me canso de dizê-lo, dos melhores exemplares do Syrah produzido em Portugal. O Lybra manteve esta linha e tradição, mas a memória deste Vinha da Nora é daquelas que perduram no tempo.

Mais um grande vinho! Se o encontrarem à venda, não hesitem: comprem-no. Ou então avisem-me para eu ir lá comprá-lo!

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Vinha da Nora 2005 (T)
Região: Lisboa (Alenquer)
Produtor: José Bento dos Santos - Quinta do Monte d’Oiro
Grau alcoólico: 14%
Casta: Syrah
Preço em feira de vinhos: 9,24 €
Nota (0 a 10): 8,5

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