Encontro com o Vinho e os Sabores 2015 (1ª parte)

25 anos de Duas Quintas


  

Cumprindo o ritual de todos os anos, que já é presença obrigatória no calendário, há um mês dirigimo-nos ao Centro de Congressos de Lisboa para a edição 2015 do Encontro com o Vinho e os Sabores.

Tal como o ano passado, decidi participar numa prova especial, desta vez os 25 anos de existência do Duas Quintas sob a batuta de João Nicolau de Almeida.

O enólogo e administrador da Casa Ramos Pinto anunciou a sua reforma para breve, em que vai passar o testemunho aos mais novos e dedicar-se em exclusivo aos projectos familiares com os seus filhos, Mateus e João.

Começou por fazer um historial do seu percurso antes e durante a Ramos Pinto, a busca do seu tio José António Ramos Pinto Rosas por um local de excepção que viria a encontrar na Quinta de Ervamoira, a investigação das castas mais adaptadas à produção de “vinho de pasto” no Douro e, finalmente, a inovadora plantação de vinhas ao alto em vez da tradicional disposição em patamares.

Depois da apresentação histórica de como surgiu o Duas Quintas (e dos acidentes que ocorreram na primeira colheita, em 1990), passou-se então à prova de algumas colheitas disponíveis da versão Reserva, que surgiu em 1992, não sem que antes ainda nos fosse dado a provar a colheita de 1990, que já está em óbvio declínio, algo oxidado e descorado, mas ainda se bebe... Tive a feliz coincidência de encontrar esta colheita na Feira de Vinhos do Pingo Doce, em 1993, pelo que tenho acompanhado este vinho desde o seu nascimento. Foram produzidos 80.000 litros desta primeira colheita.

Do Duas Quintas Reserva foram provadas as colheitas de 1992, 1994, 1997, 2000, 2005, 2008 e as três últimas, 2011, 2012 e 2013.

As diferenças foram óbvias: os mais antigos mais suaves e delicados, os mais recentes mais frutados, pujantes e persistentes. Em todos eles, uma exuberância aromática evidente, um corpo pujante e estruturado. 1994 mais elegante, macio e frutado que o de 1992. 1997 ainda algo adstringente e com arestas, resultante da incorporação da casta Tinta da Barca, que lhe dá taninos mais duros.

O de 2000 apresentou-se muito equilibrado, suave e redondo, mas foi revelando pujança e robustez enquanto arejava, libertando-se numa explosão de aromas! Muito bem! O 2005 apresentou-se algo linear numa primeira abordagem. O 2008 algo rugoso no início, estruturado e longo, enquanto os três finais apresentaram-se marcados por especiarias, com o 2011 a ser o mais suave e redondo.

Dentro desta panóplia ficou patente a elevada qualidade deste vinho, com diferentes moldagens pelo tempo e diferentes evoluções em garrafa. Uma excelente amostra dum magnífico vinho.

Daqui saiu-se para o anúncio dos prémios da escolha de imprensa.
(continua)

Kroniketas, enófilo esclarecido

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