No meu copo 447 - Dão Borges, Tinta Roriz 2004; Dão Borges, Touriga Nacional 2005; Douro Borges Reserva 2005

Estava agendado que, na primeira ocasião, a equipa de dois das Krónikas Viníkolas faria uma prova comparada de dois tintos do Dão produzidos pela Borges. Já tivemos oportunidade de provar alguns tintos do Douro e também o Alvarinho, mas dos tintos do Dão só nos tinha calhado provar o Touriga Nacional, precisamente este de 2005 a que agora regressamos, e o de 2004, provado o ano passado. E, como quem não quer a coisa, já passaram 6 anos desde que provámos o de 2005...

A Sociedade dos Vinhos Borges produz os seus varietais do Dão na Quinta de São Simão da Aguieira, no concelho de Nelas. Tivemos oportunidade de provar pela primeira vez o Tinta Roriz, faltando conhecer o Trincadeira, também produzido no Dão.

Este Tinta Roriz de 2004, aberto algum tempo antes do repasto, apresentou uma cor rubi intensa, aroma a frutos vermelhos e especiarias, com algumas notas de fumo. Na boca mostrou-se com grande volume, pujante, robusto e adstringente, estruturado e com muita persistência. Teria ganho com a decantação mas optámos por deixá-lo ir libertando os aromas nos copos e na garrafa, enquanto fazíamos o paralelo com o Touriga Nacional. Só passada quase uma hora após a abertura é que começou a mostrar-se mais exuberante nos aromas, mais equilibrado na boca, a revelar sabores a fruta madura e a proporcionar um final mais aveludado. Conseguiu conjugar a pujança e a suavidade, impressões que igualmente tínhamos recolhido aquando da prova anterior do Touriga Nacional 2005.

Quanto a este, apresentou uma cor rubi com laivos violáceos, aroma floral com notas de frutos pretos e do bosque. Na boca mostrou uma boa estrutura, com taninos maduros e elegantes, menos pujante que o Tinta Roriz. Perdeu em robustez o que ganhou em equilíbrio e delicadeza. Estava no ponto certo para beber, embora fique por saber como seria a evolução a partir de agora. Talvez a comparação com a robustez do Tinta Roriz o tenha ofuscado um pouco, ou esta garrafa estivesse mais evoluída que a de 2004...

Já depois desta prova, tivemos oportunidade de voltar à carga com os vinhos Borges e repetir, mais uma vez, a prova do Touriga Nacional do Dão, juntando-lhe o Douro Reserva 2005 que também tinha sido objecto de prova em 2014.

Desta vez decantámos os dois vinhos, sendo que o Touriga Nacional do Dão confirmou as impressões da prova anterior, apenas evoluiu um pouco mais depressa com a decantação. Já o Douro Reserva, a provar que em cada garrafa podemos sempre encontrar algo diferente, desta vez surpreendeu-nos pela positiva, ao contrário da prova anterior: apresentou-se um vinho com aroma vinoso intenso, esturutrado e cheio, pujante, longo e persistente. Muito bem a evoluir lentamente após a decantação, sem perder a robustez inicial.

Em resumo, três vinhos a caminho dos 10 e 11 anos cheios de saúde, parecendo ter ainda muita vida pela frente, talvez mais no caso do Douro Reserva e do Tinta Roriz do Dão, que mostraram mais garra que o Touriga Nacional, o que também não surpreende tendo em conta as castas em confronto e, no caso do Douro Reserva, por se tratar de um vinho de lote, que normalmente permite obter vinhos com maior complexidade.

Nota: os preços indicados são à data da compra e após promoções.

tuguinho e Kroniketas, os diletantes preguiçosos

Produtor: Sociedade dos Vinhos Borges

Vinho: Borges, Tinta Roriz 2004 (T)
Região: Dão
Grau alcoólico: 14%
Casta: Tinta Roriz
Preço: 11,69 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Borges, Touriga Nacional 2005 (T)
Região: Dão
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Touriga Nacional
Preço: 16,80 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Borges Reserva 2005 (T)
Região: Douro
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca
Preço: 11,60 €
Nota (0 a 10): 8

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