Na Delidelux 5 - Quinta do Monte d’Oiro

 

Apenas dois dias após a prova anterior, voltámos ao “local do crime” para uma grande prova com vinhos da Quinta do Monte d’Oiro. Aqui o panorama foi diferente: houve provas comparadas de duas colheitas diferentes dos mesmos vinhos.

A excepção foram os vinhos iniciais. Começámos pelo único branco presente, o Madrigal, um bom exemplar da casta Viognier, com um toque citrino, algum tropical e uma certa mineralidade, com uma boa estrutura e alguma complexidade a pedir comida a acompanhar. Estagiou em madeira mas esta não está minimamente presente no aroma nem no sabor. Um vinho eminentemente gastronómico.

Depois o tinto de entrada de gama, o Lybra, que veio substituir o Vinha da Nora, feito com base em Syrah, mas com uma filosofia algo diferente, mais jovem e com aroma frutado mais presente que o seu antecessor, um vinho de mais fácil consumo. Pessoalmente, ainda prefiro o anterior, mas talvez a evolução em garrafa permita lhe aproximar o perfil do anterior.

Entrámos em seguida nos grandes vinhos da casa: o Têmpera, o Aurius e o Quinta do Monte d’Oiro Reserva. De cada um, duas colheitas, uma recente e uma mais antiga.

Provados pela ordem indicada, do Têmpera tivemos a colheita de 2004 e a de 2009, ambas feitas exclusivamente com Tinta Roriz. Do Aurius tivemos a colheita de 2002 (já a provámos aqui) e a de 2006, em que na colheita mais recente a Touriga Nacional substitui a Tinta Roriz como casta dominante, mantendo-se o Syrah e o Petit Verdot em pequenas quantidades. Do Reserva, tivemos a colheita de 2004 (14,5% de álcool) e a de 2010: a base é o Syrah, com cerca de 5% de Vioginier.

Embora as opiniões se dividam, a nossa preferência pendeu claramente, em todos os casos, para as colheitas mais antigas. Apresentam menos fruta mas ganham em finesse, em aromas secundários, em elegância, em delicadeza que só o tempo em garrafa permite. Todos eles passaram por madeira (habitualmente entre um e dois anos), mas nenhum deles o denota. A madeira aparece aqui apenas como tempero para dar alguma estrutura e complexidade aos vinhos, não para os marcar nem se sobrepor aos aromas. Difícil é dizer de qual se gosta mais, pois o nível de todos eles é elevadíssimo, embora os preços vão em crescendo. Mas são vinhos que apetece ficar a apreciar por tempo indeterminado, descobrindo os seus segredos e o que faz tão atraentes. Como em tempos referi aqui acerca do Vinha da Nora, estamos perante vinhos aristocráticos, que se impõem pela elegância e suavidade que transmitem ao consumidor. E são todos grandes, grandes vinhos!

Um bem haja a José Bento dos Santos e à sua equipa por nos permitirem apreciar estes vinhos que nunca passam de moda, porque nunca estão na moda. Ou então estão sempre, porque são independentes do tempo.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Comentários