Na GN Cellar 3 - Quinta dos Carvalhais

     
Mesmo na véspera do arranque do Encontro com o Vinho e os Sabores 2013, ainda houve oportunidade de passar pelas instalações da Garrafeira Nacional na Rua da Conceição para uma prova de vinhos da Quinta dos Carvalhais, com a presença do enólogo-chefe Manuel Vieira e da enóloga Beatriz Cabral de Almeida.

Em prova estiveram dois brancos e quatro tintos, que foram sendo apresentados pelo Eng. Manuel Vieira à medida que cada um deles era servido no copo. Nesta provas tivemos a curiosidade de serem provados vinhos monocasta e vinhos de lote de forma intercalada, o que permitiu diferenciar claramente as características duns e doutros.

Nos brancos tivemos em primeiro lugar um monocasta de Encruzado. Pareceu-me algo linear na prova de boca, embora melhor no aroma, mais exuberante e mineral. Lembrei-me ainda do Encruzado da Quinta da Falorca que tinha provado na semana anterior, e tinha-me agradado mais, revelando-se mais estruturado e persistente.

Bem diferente foi o segundo branco, um Colheita Selecionada de Encruzado e Verdelho, que mostrou bem a diferença em relação ao anterior. Teve estágio em madeira, o que lhe dá outra complexidade, sendo que a madeira não se impõe nos sabores nem nos aromas. Este provou melhor, revelou-se com outro porte, estando mais vocacionado para a mesa, com aromas mais tropicais e maior persistência. Não conhecia esta versão e fiquei bastante agradado.

Passando aos tintos, começámos pelo Colheita, o mais barato dos quatro e feito a partir de um lote de Tinta Roriz, Trincadeira e Alfrocheiro. Um vinho equilibrado mas consistente, estruturado quanto baste e feito para se gostar. Um Dão típico, à moda clássica.

Seguiu-se um monocasta de Touriga Nacional, com aquelas características florais típicas da casta. Confesso, no entanto, que este perfil de vinhos já me começa a cansar, porque apesar de todas as loas que são cantadas a esta casta, a solo começa a tornar-se monocórdica, sempre igual, nunca se espera nada de novo. Não há muito tempo tinha bebido um Alfrocheiro de 2006, que se revelou muito mais vibrante que este. Após muita insistência, a Touriga já cansa, principalmente porque se seguiu o Reserva, outro vinho de lote entre a Tinta Roriz e a Touriga Nacional, que se apresentou muito mais complexo e estruturado, com outra persistência, um vinho a requerer mais tempo no copo para melhor lhe apreciar as características.

Finalmente, o topo da gama dos Carvalhais: o Único 2009, apenas a segunda colheita depois da de 2005 que tínhamos provado há uns anos em estreia na Wine O’Clock. Na altura achámo-lo extraordinário, quase ao nível dum Vinho do Porto, e pareceu estar ali o potencial e ansiado Barca Velha do Dão. Nesta prova apareceu menos exuberante, com os aromas algo escondidos, porque ao contrário da ocasião anterior não houve tempo para libertar todas as suas características aromáticas e estruturais. Mas o potencial pareceu novamente estar lá.

Manuel Vieira foi explicando as características de cada vinho e o modo como é produzido e como são escolhidas as uvas, dando realce a duas vinhas da Quinta dos Carvalhais: a vinha da Palmeira e a vinha da Anta, que parece ser aquela que apresenta as características ideais para a escolha das uvas para fazer vinhos de excepção. Foi dali que saíram as uvas para o Único, que deveria ser um lote mas em que as uvas de Touriga se impuseram ao enólogo, nas palavras do próprio.

E assim ficámos a conhecer as novidades da Sogrape no Dão, numa antecipação do evento que se ia seguir. No dia seguinte marchámos para a 14ª edição do Encontro com o Vinho e os Sabores.

Em aberto ficou ainda a hipótese de marcar uma visita conduzida pelo Eng. Manuel Vieira à garrafeira da Quinta dos Carvalhais, para descobrir as relíquias que por lá estão...

Kroniketas, enófilo esclarecido

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