1º Encontro com os Vinhos e Sabores da Bairrada 2013 (2ª parte)

Almoço na Adega Luís Pato


        
   

O autocarro aguardava já para arrancar rumo ao próximo destino, e a Joana Pratas chamava os retardatários, que tardavam em abandonar as instalações das Caves São João...

Tomámos assento rapidamente e rumámos a Amoreira da Gândara, em Óis do Bairro, para ir ao encontro de Luís Pato. O estacionamento fez-se junto duma zona de vinhas enquanto o enólogo aguardava já à porta os visitantes. Lá dentro, na zona de recepção, mais dois elementos da Revista de Vinhos (João Afonso e Fernando Melo, alvo de leituras regulares na revista) entretinham-se já com uns brancos de Vinhas Velhas, de 1995 e 1998.

Feita a recepção aos visitantes e após uma pequena introdução por parte do “senhor Bairrada” acerca do seu projecto, descemos à cave onde se situam as salas de barricas e de armazenamento, em ambiente naturalmente fresco por estarem no piso abaixo da entrada que, no exterior, está forrada a relva, conseguindo assim uma variação anual de temperatura lenta e que oscila apenas entre os 13 e os 18 graus.

Reunidos em frente às salas de barricas, o enólogo dissertou pacientemente sobre as virtualidades da sua amada Baga, uma casta difícil mas que bem trabalhada pode guindar-se ao nível de algumas das mais famosas dos mais famosos países produtores de vinho, como o Pinot Noir, da Borgonha, e o Sangiovese, do Brunello di Montalcino. Luís Pato fez também questão de frisar que não planta castas estrangeiras a não ser as que vieram de regiões vizinhas: a Touriga Nacional, do Dão, e o Tinto Cão, do Douro (por sinal são as que utiliza no seu BTT). E deixou no ar uma pergunta: se eu tenho aqui condições para produzir com castas ao nível das melhores do mundo, porquê importá-las do estrangeiro?

A hora ia adiantada, e a fome já apertada, pelo que era tempo de voltarmos a subir para o almoço. Passámos pelo exterior para uma ampla esplanada onde pudemos servir-nos das diversas iguarias disponíveis (destaque para a originalidade duma cabidela de leitão) e dum amplo leque de vinhos, entre brancos, tintos e espumantes brancos e rosés.

À volta da mesa, fomo-nos deliciando com os néctares que conseguíamos trazer, e dos quais tirámos alguns momentos sublimes. Destaque particular para as colheitas de Luís Pato 1988, 1990 e 1995, verdadeiramente sublimes, vinhos sem idade, expoentes máximos da casta Baga que mostram como estão desfasados da excelência aqueles que lhe viraram as costas. Porque como realçam os grandes mestres do vinho, quando mais trabalho o vinho dá a fazer, mais prazer vai proporcionar no futuro. E graças ao “mister Baga” esta casta não morrerá e, mais dia menos dia, acabará por retomar o lugar de excelência que os resultados obtidos proporcionam. Assim os consumidores não queiram beber apenas o vinho do ano...

Chegámos a meio da tarde, e mais uma vez estávamos a queimar o horário. Para as 16 h estava marcada a prova de brancos de excelência, no Velódromo de Sangalhos. Ainda com o almoço a digerir, rumámos de novo apressadamente para o autocarro a caminho de Sangalhos, onde nos esperava Luís Antunes.

Kroniketas, enófilo viajante

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