No meu copo 334 - Salira branco 2011; Porches branco 2012; Quinta da Penina branco 2012

Desta vez temos um relato de provas realizadas em férias algarvias, contadas pelo Politikos.

De férias no Algarve, e para consumir no dia-a-dia, portanto na gama baixa de preços (inferior a 5€), decidi-me a sair dos brancos de refúgio, já conhecidos e com provas dadas, e aventurar-me nalguma da oferta de vinhos do Algarve, ao dispor nas grandes superfícies locais. Assim, comprei um Salira 2011, um Porches 2012 e um Quinta da Penina 2012, os dois primeiros produzidos pela Única - Adega Cooperativa do Algarve (antiga Adega Cooperativa de Lagoa) e o último produzido pela Quinta do mesmo nome, que também produz o Foral de Portimão.

O Salira 2011 estava “passado”. Foi comprado no novo Continente da Quinta do Mocho, que veio substituir o que existia no Retail Park de Portimão e que ardeu há uns meses. Não tinha tempo de prateleira em hipermercado para isto, mas deveria ter um ano de garrafa, o que prova que nos vinhos brancos desta gama de preços, por uma questão de segurança, convém comprar os da colheita mais recente, para não apanharmos surpresas desagradáveis como esta. O dito Salira é feito de Crato Branco e Moscatel e possui uns ajuizados 12,5%. De brancos, é a segunda vez que me acontece comprá-los “passados”. Curiosamente da primeira vez também foi com um vinho feito com Moscatel (tivemos oportunidade de referir esse facto aqui).

O Porches 2012, com enologia de Mário Andrade, é feito com Crato Branco, Boal Branco e Manteúdo. Apresenta uma cor palha carregada e frutas maduras no nariz. É um vinho com alguma personalidade e alguma presença na boca, parecendo ter madeira – o contra-rótulo é nisso omisso –, a fazer lembrar um Chardonnay. Confesso que me pareceu uma espécie de Chardonnay rústico e com alguma tipicidade. Bater-se-ia galhardamente com comidas mais condimentadas: um peixe assado, uma caldeirada ou afim. Não me fascinou mas também não me desagradou. Quem sabe, a rever no futuro.

Por último, o Quinta da Penina 2012, com viticultura de João Mariano e enologia Luís Rodrigues, em parceria com o primeiro, é feito com Crato Branco/Síria (90%) e Arinto (10%). Foi o que mais me agradou. Aromático, com notas cítricas quanto baste, não muito exuberantes, muito fresco na boca, com acidez presente mas domada, diria até delicada. Também possui uma graduação assisada (12,5%) o que faz dele uma boa companhia para as noites de Verão, seja a solo ou a acompanhar pratos não muito condimentados. No caso acompanhei-o com umas amêijoas à Bulhão Pato e soube-me muito bem. E, com uma ligeira ajuda da consorte, esvaziei com proveito 2/3 da botelha ao jantar, tendo saído da liça em perfeito estado.

E assim vamos conhecendo as novas tendências do vinho por terras algarvias, que há meia-dúzia de anos parecia ser uma região extinta. E foram novamente estes que estiveram em destaque no jantar anual de férias dos Comensais Dionisíacos...

Politikos, enófilo convidado em férias algarvias

Região: Algarve (Lagoa)

Vinho: Porches 2012 (B)
Produtor: Única - Adega Cooperativa do Algarve
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Crato Branco, Boal Branco e Manteúdo
Preço em hipermercado: 3,15 €
Nota (0 a 10): 6,5

Vinho: Quinta da Penina 2012 (B)
Produtor: Quinta da Penina
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Crato Branco, Arinto
Preço em hipermercado: 3,95 €
Nota (0 a 10): 7,5


PS: Não encontramos explicação para o facto de o Quinta da Penina, que para quem conhece a zona tem origem junto à estrada nacional 125 na zona do hotel da Penina, próximo de Alvor e portanto bem dentro da zona de influência de Portimão, ser apresentado com denominação de origem DOP Lagoa. Certamente, malhas que a nossa intrincada legislação tece...

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