No meu copo 119 - CARMIM, Aragonês e Trincadeira 1999

Nos primeiros tempos das Krónikas Viníkolas apreciámos aqui dois varietais da Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz (CARMIM), o Bastardo e o Cabernet Sauvignon de 2000, que estiveram em grande e, se calhar, pela última vez, pois foram as últimas colheitas que vi à venda. O tempo passa sem darmos por ele e agora verifico que já passou quase um ano e meio e desde aí nunca mais tinha provado nenhum destes varietais da Carmim, apesar de ter sempre alguns na garrafeira. Agora resolvi ir buscar os outros dois, que se mantêm no mercado. O Aragonês e o Trincadeira já foram lançados há uns 6 ou 7 anos, e tive oportunidade de conhecer todas as colheitas iniciais, ainda com um rótulo claro em vez do actual preto.

Desde sempre foram vinhos que se pautaram por uma grande dose de adstringência, puxando bem pelas características mais fortes de cada uma das castas - contrariamente ao que acontece, por exemplo, nos varietais do Esporão, ali vizinho, que são muito mais macios. Curioso é também verificar que aqui, na Carmim, o Trincadeira é tão ou mais pujante que o Aragonês, enquanto no Esporão há uma diferença significativa entre as duas, com a Trincadeira muito mais amaciada e a dar vinhos cheios e envolventes, ficando para o Aragonês as despesas dos vinhos mais robustos e taninosos.

Estas duas garrafas foram consumidas com uma boa perna de borrego no forno e revelaram-se, como não podia deixar de ser, perfeitamente adequadas para este prato tão típico do Alentejo. Claro que já não tinham a frescura de quando foram comprados (já residiam na garrafeira desde 2002) mas depois de respirarem um pouco ficaram mais limpos de aromas. Perderam um pouco daquela vivacidade que os caracteriza, como é normal, mas ficaram bem mais macios, sem perder um fundo muito marcado a especiarias, que é habitual nestes varietais.

Mais tempo na garrafeira não lhes ia trazer nada de bom, e felizmente ainda fui buscá-los bem bebíveis, mas... provavelmente não seria por muito mais tempo. Quem os tiver, não os guarde mais de dois ou três anos. Já foram vinhos caros (quando foram lançados cheguei a comprá-los por mais de 2000$ a garrafa), mas depois entraram na normalidade e agora conseguem-se comprar por cerca de 4 €, o que é um excelente preço para a qualidade que costumam ter. Fazem parte das nossas escolhas permanentes.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: CARMIM - Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz

Vinho: Aragonês 1999 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Aragonês
Preço em feira de vinhos: 4,15 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Trincadeira 1999 (T)
Grau alcoólico: 14%
Casta: Trincadeira
Preço em feira de vinhos: 3,88 €
Nota (0 a 10): 8

Comentários

Claudio Couto disse…
Boa noite.
Possuo à anos 2 garrafas de trincadeira colheita de 2000.
Será que ainda estaram boas para consumo?
Claudio Couto disse…
Boa noite
Possuo à anos 2 garrafas de trincadeira colheita de 2000.
Acha que ainda estaram boas para consumo?
Krónikas Tugas disse…
Viva

Por acaso também tenho uma garrafa dessas, que comprei há alguns meses.
Eu tenho esperança que o vinho esteja bom, mas com esta idade é sempre um mistério aquilo que pode acontecer. Depende muito do estado de conservação da rolha, e das condições em que a garrafa esteve armazenada (sem luz, sem calor, principalmente). Com um bocadinho de sorte, pode estar espectacular se tiver evoluído bem. Mas nunca se sabe. Eu costumo dizer que nos vinhos velhos cada garrafa é uma surpresa.
Dito isto, só há uma forma de saber: abra-as e prove-as! Quem sabe se não vai ter um bela refeição com elas...
Saúde!
Cumprimentos.