“Tudo começou com um sonho: fazer um vinho único, duma vinha centenária plantada em pé-franco junto ao mar na aldeia de “Deixa o Resto”.
É assim que o produtor António Rosado identifica no contra-rótulo a origem deste vinho, com um nome tão sui generis que remete para um local de passagem nas proximidades de Melides, que conheço há décadas.
Esta familiaridade com o nome e o local despertou-me a curiosidade assim que me chegou à caixa de correio electrónico a divulgação deste vinho. Não faço ideia do que vai sair daqui, não é barato, mas quero experimentar.
É o resultado dessa primeiríssima prova de que aqui se fala hoje.
De cor citrina muito viva, no aroma apresenta um toque que parece ser de estágio em madeira mas que pode ser apenas alguma mineralidade resultante das castas e do terreno. Na boca tem boa acidez, é medianamente estruturado e elegante, mas não é muito exuberante nem muito prolongado. Nota-se também alguma salinidade para a qual contribui a proximidade do mar.
Embora agradável e com grau alcoólico moderado, parece ser um vinho ainda inacabado. Falta-lhe alguma complexidade que talvez mais tempo em garrafa lhe possa conferir.
Vale a pena conhecê-lo e esperar por ele mais algum tempo. Muito provavelmente é um vinho em crescimento que precisa de ser revisitado, talvez daqui por um ano.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Deixa o Resto 2021 (B)
Região: Península de Setúbal (sem denominação de origem)
Produtor: António Rosado
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: vinhas velhas
Preço: 17,90 €
Nota (0 a 10): 7,5
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