No meu copo 901 - Reguengos: os tintos da CARMIM

Reguengos Garrafeira dos Sócios 2012; Reguengos Reserva dos Sócios 2012; Reguengos Reserva tinto 2018; Reguengos DOC tinto 2019




No início da 10ª centena de provas numeradas, a caminho das 1000 provas (lá para 2022, espera-se...), começamos com um conjunto de vinhos que sempre nos tem acompanhado desde há três décadas, e que rapidamente se tornaram casos muito especiais nas nossas preferências.

Trata-se dos tintos da marca Reguengos, produzidos pela CARMIM, Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz. A história já foi aqui contada em várias ocasiões e tornou-se um caso de paixão por estes vinhos, puxada pelo topo de gama da empresa, o Garrafeira dos Sócios. Este sempre foi um vinho muito especial e por isso só é consumido em ocasiões especiais e quase sempre remetido para posts, também eles, especiais, como é este no início de mais uma centena. Desta vez resolvi experimentar os quatro vinhos da marca Reguengos, desde o mais caro ao mais barato.

Começando pelo vinho de referência, este Garrafeira dos Sócios 2012 mostrou aquilo que sempre teve e que sempre se espera dele: veludo, taninos de seda, elegância, tudo bem integrado numa belíssima estrutura e persistência envolvente e bouquet profundo, num registo que sempre se espera deste vinho. Como sempre, uma belíssima prova.

Descendo um pouco na escala, temos o Reserva dos Sócios (já provado aqui o de 2014), elaborado com o mesmo lote de uvas mas com menor estágio em madeira. Se esquecermos a suavidade do Garrafeira, este Reserva é uma excelente aposta por um preço bem mais simpático, com um pouco mais de robustez e um pouco menos de evolução para colheitas do mesmo ano. Excelente acompanhamento para a culinária alentejana e muito boa relação qualidade-preço.

Continuando a descer, chegamos a outra referência clássica da casa, o Reguengos Reserva tinto, um vinho por um preço incrível para uma qualidade que está muito acima do patamar em que se encontra e da qualidade média nesta gama. Sempre bem estruturado e persistente, com notas de frutos pretos e um ligeiro toque de madeira, apresenta-se persistente e com taninos firmes mas redondos.

Por este preço, dificilmente se encontra melhor, e temos todo o Alentejo genuíno no copo. Quase sempre muito bem ano após ano, colheita após colheita, com uma ou outra excepção. O mais notável é ser um vinho de guarda, mesmo que não o pareça.

Finalmente, o vinho base da gama, o Reguengos DOC, que raramente nos passa pela mesa, mas que neste caso também foi chamado à liça. Aqui já estamos a falar dum vinho mais simples e fácil, de consumo diário e um preço apelativo. Não se pode esperar aqui nenhum sinal da complexidade que encontramos em qualquer um dos seus parceiros acima na escala, mas é um vinho que se bebe com muito agrado, sem grandes pretensões de estrutura e persistência, onde predomina a fruta madura e a elegância na prova.

Ao contrário dos seus antecessores, apresenta-se com uma cor rubi bastante aberta e na boca é leve e suave, tornando-se muito fácil de beber. A última vez que me tinha cruzado com ele estava num patamar de vulgaridade, mas agora parece estar um pouco mais elaborado.

Em suma, uma prova comparada que valeu a pena para rever todas estas referências que fazem muito daquilo que são os belíssimos vinhos da CARMIM, com quatro patamares duma marca que é, para nós, um farol naquilo que é o Alentejo clássico na sua essência. Mesmo com a modificação operada nos lotes com a entrada do Alicante Bouschet e a saída do Castelão (presente até à primeira década do século XXI) em três das quatro referências, estes são aqueles vinhos em que encontramos todo o Alentejo no copo, sem cedências a modas, tendências, pontuações em revistas americanas ou essa coisa indefinida e meio imaginária (e repetidamente apregoada) chamada “aquilo que o mercado pede”.

Seja ou não o que o mercado pede, estes vinhos fazem sempre parte das nossas escolhas e por lá continuarão. Para outras núpcias ficará a outra marca mais mediática da casa, o Monsaraz.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz

Vinho: Reguengos Garrafeira dos Sócios 2012 (T)
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Alicante Bouschet (50%), Trincadeira (30%), Aragonês (20%)
Preço em feira de vinhos: 12,98 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Reguengos Reserva dos Sócios 2012 (T)
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet
Preço em feira de vinhos: 7,45 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Reguengos Reserva 2018 (T)
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Alicante Bouschet (45%), Aragonês (35%), Trincadeira (20%)
Preço em feira de vinhos: 3,38 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Reguengos DOC 2019 (T)
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês (40%), Trincadeira (40%), Castelão (20%)
Preço em feira de vinhos: 2,39 €
Nota (0 a 10): 7


Vídeos em: https://youtu.be/zfYkK0-AZ-k (1ª parte), https://youtu.be/9OEgr_n096I (2ª parte), https://youtu.be/xg5Bn1xv2WA (3ª parte), https://youtu.be/ysIOWu7B7ZQ (4ª parte), https://youtu.be/U4luLzIBZCs (5ª parte)

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