Na Empor Spirits & Wine 2 - Luís Pato



Não têm sido muitas as incursões a esta garrafeira que surgiu há cerca de 5 anos junto ao Parque Eduardo VII, em Lisboa, embora as provas sejam frequentes.

A mais recente aconteceu com a presença do produtor Luís Pato, sempre uma presença que vale a pena acompanhar, não só pelos vinhos que nos mostra mas também pelo que nos ensina sobre a sua experiência no mundo dos vinhos.

Luís Pato foi pioneiro no conceito de vinhas velhas e no conceito de vinho de uma única vinha, desde 1995.

Explicou também que o clima da Bairrada é similar ao de Bordéus para efeitos de influência na vinha. A Bairrada tem noites mais frias por efeito da água do mar (24º C em Bordéus em Agosto, 16º C na Bairrada). No calor mediterrânico, mesmo que se vindime mais cedo, há sempre a marca do calor diário e das noites quentes.

Foram provados vinhos de diversos tipos e idades: brancos, tintos, espumantes, novos e velhos. Eis algumas notas sobre os referidos vinhos.

  • Espumante Informal rosado 2014, elaborado apenas com Baga, o primeiro espumante com uvas da famosa Vinha Pan. Nesta vinha são efectuadas duas vindimas: as uvas da primeira destinam-se ao espumante, enquanto a segunda destina-se ao vinho tinto. Não tem madeira, estagiando sobre borras até ao engarrafamento. Não me agradou por aí além, mostrando-se um pouco rústico.
  • Vinha formal rosé 2011. Bical, Touriga e um bocadinho (residual) de Cercial. Suave e redondo.
  • Vinha Formal branco 2017. 100% Bical. Fermentou em madeira de castanho. Não marca o vinho com baunilha, pois é mais porosa que o carvalho pelo que convive com mais ar.
  • Vinha Formal tinto 2015. 100% Baga. Pouco concentrado. Elaborado a partir da segunda colheita do espumante Informal. Estagia 2 anos em madeira. Suave mas pouco expressivo na boca, mais intenso no nariz.
  • Luís Pato Vinhas Velhas tinto 2014. Foi um grande ano de brancos, difícil para tintos. Estagiou 2 anos em madeira. Muito bom nariz, fechado na boca.
  • Luís Pato Vinhas Velhas tinto 2008. Mais evoluído. Taninos mais redondos e mais volume de boca.
  • Luís Pato Vinhas Velhas tinto 1992. Bastante evoluído mas com alguma adstringência e persistência.
  • Luís Pato Vinhas Velhas tinto 1988. Primeira designação de Vinhas Velhas em Portugal. Teve 2 meses de madeira. Algo em queda.
  • Luís Pato Vinhas Velhas branco 2018. Bical, Cercial e Sercialinho. Achei-o desinteressante, parecendo aguado. Frutadinho mas algo inexpressivo.
  • Luís Pato Vinhas Velhas branco 2014. Mais sério, encorpado e estruturado.
  • Luís Pato Vinhas Velhas branco 2000. Nascido em areia, fermentado em madeira. Muito evoluído, quase melado.
  • Luís Pato Vinhas Velhas branco 1995. Adocicado, quase a tender para a colheita tardia.

Foi uma prova bastante didáctica, na qual a panóplia de vinhos provados permitiu aos presentes provar toda esta gama de vinhos e perceber os seus diferentes perfis. O resto... fica ao gosto de cada um, pois houve para todos os gostos.

Kroniketas, enófilo itinerante

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