Festival Nacional de Gastronomia 2022 - A visita

O cenário é conhecido. Já há bastantes anos que não me deslocava ao Festival Nacional de Gastronomia, embora já tivesse sido frequentador assíduo do mesmo.

Este ano, tendo este blog recebido um convite para a sessão de apresentação, e posteriormente para uma visita ao festival propriamente dito, em nome da Câmara Municipal de Santarém (a quem fica desde já o nosso muito obrigado), mal seria não verificar in loco quais eram as novidades.

A deslocação ao evento fez-se logo no primeiro fim-de-semana, com chegada no sábado ao fim da tarde, de modo a aproveitar a hora antes do jantar para tentar fazer o reconhecimento do terreno. Ou pelo menos assim se pensava...

A verdade é que o cenário, passados todos estes anos, repetiu-se. Depois de franquear as portas da Casa do Campino para entrar por uma zona de expositores institucionais que ia desembocar a uma ampla sala onde decorria uma sessão de showcooking dedicada ao bacalhau, chegou-se finalmente à zona de comes e bebes propriamente ditos.

Primeiro o espaço “Petiscos da minha terra” com os quatro restaurantes presentes em regime de rotatividade (dois dias para cada grupo de quatro), depois o espaço garrafeira, patrocinado pela CVR do Tejo, e finalmente os restaurantes para comer sentado à mesa...

Às 19:20 as mesas estavam todas ocupadas.

Às 19:40 já havia quase tanta gente à espera como sentada.

Às 21:15 os corredores estavam completamente entupidos, tornando impossível sequer circular por ali.

Desta forma, qualquer intenção de jantar de garfo e faca ficou posta de lado, pelo que nos ficámos pelos quatro restaurantes dos petiscos. Estes são vocacionados para quem quiser provar – eu quase diria debicar – pequenos petiscos numa malga e passar adiante, sem grandes perdas de tempo nem mesas de refeição. Aqui encontramos, de certa forma, as tais reinterpretações dos pratos tradicionais sob uma forma de apresentação alternativa.

A título meramente de curiosidade, e porque o programa não se repete, refira-se que no dia em causa os restaurantes presentes eram O Nobre, da chef Justa Nobre (Lisboa), o Al Sude, do chef Louis Anjos (Lagoa), o Noélia Jerónimo, da própria (Cabanas de Tavira) e o Euskalduna, do chef Vasco Coelho dos Santos (Porto). Provámos um bocadinho de cada um.

A grande alteração a nível de espaço prende-se com a existência duma enorme tenda exterior dedicada aos expositores de produtos regionais e de artesanato, assim como uma zona exterior de street food, esta de dimensões muito reduzidas para aquilo que seria expectável (apenas cinco rulotes com poucas opções de escolha).

As inovações introduzidas visam melhorar o acesso aos diferentes sectores do festival, mas feito o balanço da visita penso que talvez seja de reconsiderar uma redistribuição de alguns espaços de modo a facilitar a circulação. A maior será mesmo a zona de restaurantes, que se mantém no mesmo local há décadas e talvez merecesse um espaço mais amplo: porque não, precisamente, a tenda exterior, para evitar a aglomeração, quase claustrofóbica, de dezenas ou centenas de pessoas num espaço completamente confinado?

Também a zona da garrafeira pareceu não estar bem afinada, pois além de haver apenas três bancas nem sempre havia alguém a atender, e mesmo quando havia formavam-se filas de provadores. O método de acesso aos vinhos também padeceu de alguma falta de clarificação, mas isso certamente será corrigido proximamente.

Finalmente, a street food, para ser uma zona digna desse nome, precisará de aumentar a oferta e a quantidade de opções.

No geral, o conceito reformulado para esta edição foi bem pensado, agora trata-se apenas de melhorar o que pode ser melhorado.

O nosso muito obrigado à organização e à Câmara Municipal de Santarém por nos terem incluído na lista de convidados, quer para a apresentação do evento quer para uma visita ao mesmo.

Prometemos voltar.

Kroniketas, enófilo itinerante

Imagem de apresentação do evento obtida em http://www.festivalnacionaldegastronomia.pt

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