Mudemos então o chip e passemos dum nível de elevada exigência para outro mais “normal”, digamos assim. Provar o vinho inferior em segundo lugar pode obrigar-nos a reiniciar os padrões de prova e esquecer o que provámos antes. Em linguagem informática, seria fazer reset ao sistema.
A verdade é que este José de Sousa, provado sem a memória do Reserva, continua a ser um belíssimo vinho, como aliás é tradição. Nesta gama de preços no Alentejo, este tem sido um vinho de qualidade consistente e garantida. O perfil mantém-se estável, sempre num registo mais clássico que também é habitual em Reguengos de Monsaraz e fazendo jus à história da Adega José de Sousa.
A cor é rubi carregada e no nariz apresenta-se inicialmente fechado, precisando de algum tempo de arejamento para se libertar, mostrando então notas frutadas e mentoladas, a que normalmente se chama balsâmico (lembram-se do Vick Vaporub?). O comportamento na prova de boca é semelhante. Inicialmente pouco expressivo, à medida que vai abrindo vai mostrando mais estrutura, mais amplitude de boca, mais persistência e mais complexidade.
Apenas 30% do vinho fermentou em carvalho francês e americano, estando a madeira muito bem balanceada e integrada no conjunto, sem qualquer exagero.
É excelente com pratos alentejanos típicos (borrego ou migas com entrecosto serão perfeitos) ou de caça, tendo sido experimentado com uma perdiz estufada e ligou na perfeição.
É um daqueles vinhos que nunca desilude e tem sempre lugar garantido nas nossas escolhas.
Bom ano de 2021, se possível já com vacinas.
À vossa!
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: José de Sousa 2017 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: José Maria da Fonseca Vinhos
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Grand Noir, Trincadeira, Aragonês
Preço em feira de vinhos: 8,99 €
Nota (0 a 10): 8
Vídeo em https://youtu.be/4Gx1TcBnVys
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