Dãowinelover Whiteday

 

Foi no passado sábado, numa tarde soalheira de Abril, que decorreu no restaurante Claro, do Hotel Solar Palmeiras, em Paço de Arcos, o encontro dedicado à degustação de vinhos brancos do Dão, promovido pelos dois mentores do grupo Dãowinelover – Rui Miguel Massa, do blogue Pingas no Copo, e Miguel Pereira, do blogue Pingamor –, e que contou com a presença de 9 produtores do Dão e de muitos amantes do vinho que partilham opiniões nas redes sociais, evento para o qual as KV tiveram a honra de ser convidadas, tendo sido representadas pelo Kroniketas, aliás, Barão Vermelho (isto do nickname tem dias...), e pelo Politikos, que tomou o lugar do tuguinho, impossibilitado por motivos medicamentosos...

Seguindo a ordem da foto, estiveram presentes os produtores: Casa da Passarela, Quinta dos Roques/Quinta das Maias, Quinta dos Carvalhais/Sogrape, Quinta do Perdigão, Magnum Vinhos, Casa de Darei, Dão Sul, Álvaro Castro/Quinta da Pellada e Nuno Cancela de Abreu/Quinta da Fonte do Ouro. O encontro começou no jardim, disfrutando de uma magnífica vista sobre o Tejo, com a apresentação de um produtor e de um vinho, e terminou no restaurante onde tivemos oportunidade de provar o portefólio que cada produtor achou por bem colocar à disposição dos convivas.

Pudemos, além disso, conhecer e trocar algumas impressões com os próprios produtores, enólogos e relações públicas, e ir apreciando os diversos perfis dos vinhos em prova, com destaque para os vinhos feitos com Encruzado, a casta-rainha dos brancos do Dão, que mostrou toda a sua consistência, ainda que pudéssemos também testemunhar que nem só de Encruzado vive o Dão... Presente ainda o jornalista Luís Baila, da RTP, também ele um Dãowinelover.

Na impossibilidade de descrever em detalhe tudo o que foi dito e provado, deixámos abaixo as fotos de alguns dos vinhos presentes, e que após a apresentação inicial foi possível ir degustando com alguns acepipes especialmente preparados para o efeito pelo chefe Vítor Claro.

Entre outras coisas, foi interessante saber, através do próprio, que Nuno Cancela de Abreu, nome muito ligado à região de Bucelas e à Quinta da Romeira, e também ao Ribatejo através da Quinta da Alorna, é oriundo do Dão, e que a Quinta da Fonte do Ouro já era há muitos anos um projecto de propriedade familiar. E da mesma forma, conhecer o posicionamento no mercado da Quinta dos Roques ou da Quinta do Perdigão, através dos seus representantes, Luís Lourenço e José Perdigão. Ou ainda saber que o Barcelo era há 50 anos a casta-rainha do Dão, antes de ser substituída pelo Encruzado. Por entre conversas mais ou menos longas, mais ou menos esparsas, foi-se provando e trocando impressões em ambiente informal e descontraído. Interessante foi igualmente descobrir a boa relação, de cordialidade e até de cumplicidade, entre os diversos produtores, que estiveram ali não como concorrentes que pretendem ganhar espaço uns aos outros, mas antes como parceiros dum mesmo negócio cujo sucesso interessa a todos. Talvez, disse alguém, faça falta (à semelhança dos “Douro boys”) a criação de uns “Dão boys”... ou dada a respeitável idade de alguns, dos “Dão men”... isto para não exagerarmos para “Dão old men”... :-)

Este encontro também prova que juntar enófilos, por um lado, e enólogos (produtores, relações públicas, o que for), por outro, é mais fácil do que parece, pois une-os uma coisa: o prazer pelo vinho. E quando nos segundos, além da obrigação, há devoção e amor, a ligação com os primeiros é ainda mais fácil...

De um modo geral, o perfil dos vinhos presentes mostrou que, tal como os tintos, os brancos do Dão nada ficam a dever aos de qualquer outra região, mostrando igualmente a macieza e suavidade que normalmente caracteriza os vinhos da região, a que acresce uma boa frescura e uma capacidade de envelhecimento invulgar. Alguns dos produtores referiram mesmo a necessidade de esperar 2 ou 3 anos antes de consumir os seus vinhos depois da sua colocação no mercado, pois estes geralmente melhoram na garrafa.

Não é nossa intenção destacar aqui nenhum vinho em particular, pois houve desde os de entrada de gama até aos de topo. Dentro de cada patamar, o tom geral foi de muito agrado, havendo alguma natural predominância dos monocasta de Encruzado, fazendo-se notar, pela diferença, uma raridade, um Barcelo 2005, da Quinta das Maias, delicado e suave, até mesmo algo doce, e com um perfil substancialmente diferente dos tradicionais Encruzados; um Loureiro e Bical 2000, da Quinta dos Carvalhais; o inesperado e aromático A Descoberta, da Casa da Passarella; ou uma vertical do Primus, da Quinta da Pellada, com as colheitas 2007, 2009, 2010 e 2011, a mostrarem algumas diferenças entre si, demonstrando que nem só a vinha e o terroir fazem o vinho... E das quais nos agradou mais a de 2007 e a de 2011 (curiosamente os extremos) e menos a de 2009.

Nunca é demais agradecer aos produtores presentes, ao restaurante Claro e principalmente aos dois carolas da organização, os bloguistas Pingamor e Pingas no Copo, que têm dado o melhor do seu tempo e do seu esforço à causa do Dão, apenas por amor ao belo néctar e àquela região, ou literalmente à «camisola» que ostentam – no caso em versão t-shirt – e onde se lê: Dão Winelovers. Pela nossa parte, a solo ou em duo, trio, quarteto ou quinteto, tentaremos ir fazendo o possível por divulgar a qualidade dos vinhos do Dão e ajudar a contribuir para a sua cada vez maior aceitação junto do consumidor. Em suma, a pôr o Dão no mapa dos vinhos que contam...

À vossa e até ao próximo evento.

Kroniketas e Politikos, Dão Winelovers

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