No meu copo 282 - Fiúza, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon rosé 2010

Já lá vão dois anos desde que escrevemos pela última vez sobre vinho rosé, ainda na versão antiga deste blog. Daí para cá continuou a crescer o número de produtores a lançar esta variedade de vinho, até há poucos anos mal-amada, e consequentemente o número de marcas disponíveis no mercado, que actualmente já cobrem todo o país e todas as regiões, de norte a sul, do litoral ao interior.

As filosofias presentes continuam a dividir-se: há os que tratam o rosé como uma espécie de sucedâneo do tinto, realizando sangrias de cuba na fermentação dos tintos para assim obter maior concentração e simultaneamente aproveitar essa parte do mosto para fazer umas garrafas de rosé; e há aqueles que tratam e escolhem as uvas ainda na videira, vindimando-as no tempo certo e com a maturação adequada para produzir um rosé.

Os resultados, como se compreende, não podiam ser mais díspares. Dos vinhos que temos tido oportunidade de conhecer dentro destas duas filosofias, não há dúvida de que os rosés produzidos ab initio com esse objectivo batem em toda a linha os seus congéneres resultantes de sangria de cuba (esta é, naturalmente, a minha opinião que só a mim vincula, nem sequer vincula quem mais escreve neste blog). Enquanto os primeiros são leves, aromáticos, normalmente secos, frutados e florais, não muito carregados de cor e com um grau alcoólico aceitável, os segundos normalmente são escuros, pesados, ásperos, enjoativos e, como não podia deixar de ser, hiperalcoólicos (14 graus ou até mais)! O mais estranho é serem os próprios produtores a assumir que nesses casos pretenderam fazer um rosé que substitua um tinto. Salvo melhor opinião, nesse caso bebo um tinto, porque esse tipo de rosé acaba por não ser nem uma coisa nem outra. Mas enfim, são gostos… Pela parte que me toca, quando vejo um rosé com cor de sangria e 14 graus de álcool, normalmente fujo dele...

Dito isto, quero chegar à apreciação de um ribatejano (ou Regional Tejo) que me tem enchido as medidas: o Fiúza, feito com Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, duas castas que têm proporcionado excelentes combinações em diversos tintos. A primeira versão que encontrei deste rosé (2007) tinha apenas Cabernet, sendo a versão de 2008 já composta pelo lote actual, e o resultado foi excelente. Tem todas as características que me agradam num rosé, com notas florais e a frutos vermelhos, fresco, seco e elegante na boca, com alguma persistência e nada pesado. Para a elaboração do Fiúza, a fermentação inicia-se após um período de apenas 24 horas em contacto com as películas das uvas, obtendo-se assim a secura e leveza adequadas.

Uma excelente aposta da Fiúza. Por acaso ou talvez não, é um dos meus preferidos, juntamente com o seu vizinho da Quinta da Alorna, já aqui referido por mais de uma vez.

Kroniketas, enófilo rosado

Vinho: Fiúza, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon 2010 (R)
Região: Tejo (Almeirim)
Produtor: Fiúza & Bright
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon
Preço: 5,41 €
Nota (0 a 10): 8

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