No meu copo 1012 - Quinta da Terrugem tinto 2015

Vídeo em https://youtu.be/4zX1maAc98Q
Devido a um erro no título do vinho no slide do vídeo original (https://youtu.be/3I_yBkyxzqs), o mesmo foi eliminado e substituído pelo presente.

Há mais de uma década que não provava este vinho. Desde que existe este blog, aliás, nunca ele foi aqui referido.

Mas uma recente presença num jantar no restaurante Rubro, dedicado aos vinhos da Bacalhôa produzidos no Alentejo deu-me oportunidade de me reencontrar com ele, que brilhou entre os seus pares, tendo mesmo sido aquele que mais impressionou.

Este é um daqueles tintos alentejanos que se podem chamar de clássicos, não só pelo lote de castas que o compõem (o mesmo que deu origem ao Esporão Reserva) como pelo próprio perfil do vinho, com aquele carácter mais quente e estruturado a lembrar a planície, sem cedências aos modismos das castas internacionais e das importadas – que podem fazer vinhos muito interessantes mas em que estes perdem a tipicidade e tornam-se quase iguais em todo o lado, sem ponta de relação com a terra que lhes deu origem.

Já perceberam que eu prefiro, de longe, este perfil mais clássico que me faz realmente lembrar o Alentejo. Inovar, sim, mas é preciso que haja ganhos óbvios, o que nem sempre acontece.

Apresenta uma cor rubi com alguma concentração, no nariz é algo contido mas profundo e complexo. Não é muito exuberante em termos dos aromas primários da fruta, que aqui não se destaca particularmente.

Na boca é encorpado e estruturado, amplo, persistente e complexo, com taninos firmes e bem integrados na madeira, que está muito bem disfarçada – estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês.

Está mesmo a pedir um prato típico da culinária alentejana, ou uma bela peça de caça.

Um belo vinho revisitado muito anos depois, que correspondeu cabalmente às expectativas. Muito bem.

Uma nota final para o preço. Esta garrafa foi adquirida numa promoção, com 5 € de desconto. O preço de referência andava habitualmente pelo valor que paguei por ele, no entanto de há dois ou três anos para cá alguns preços têm sido – parece-me que de forma muito artificial – exageradamente inflacionados, subindo 4 ou 5 euros nos vinhos desta gama.

Mas a verdade é que continua a haver locais onde se pode encontrá-los aos preços habituais, pelo que é preciso ter cuidado com o que se compra, onde se compra e por quanto se compra.

Quando um hipermercado vende um vinho a 19,99 € e se encontra esse mesmo vinho no Verão, numa garrafeira do Algarve, por 14,99 €, há algo de muito errado... com o preço do hipermercado.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Quinta da Terrugem 2015 (T)
Região: Alentejo (Borba)
Produtor: Aliança Vinhos de Portugal (Bacalhôa Vinhos)
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon
Preço em feira de vinhos: 9,99 €
Nota (0 a 10): 8,5

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