Dãowinelover TN Day

    
    

Realizou-se no passado dia 23 de Novembro mais um evento do grupo #daowinelover, promovido pelos bloguistas Pingus Vinicus e Miguel Pereira, que à semelhança do Dãowhiteday decorreu no restaurante Claro do Hotel Solar Palmeiras, em Paço de Arcos.

Desta vez o tema eram os vinhos do Dão elaborados com base na Touriga Nacional, casta originária da região, trazidos pelos produtores que mais uma vez se associaram graciosamente à iniciativa. Nós voltámos a estar presentes e desta vez conseguimos juntar um contingente de 4 participantes, coisa inédita nestes eventos!

Compareceram à chamada 12 produtores, a seguir listados alfabeticamente, pela mesma ordem em que foram apresentando os seus vinhos: Caminhos cruzados, Carlos Lucas Vinhos/Magnum Vinhos, Casa da Passarela, Casa de Mouraz, Dão Sul, Fonte do Gonçalvinho, Júlia Kemper, Quinta das Marias, Quinta de Lemos, Quinta do Escudial, Quinta dos Carvalhais e Quinta dos Roques.

Porque se tornaria demasiado longo e fastidioso falar de todos os vinhos provados, e porque num evento deste género é sempre difícil fazer uma apreciação aprofundada de cada vinho, falemos um pouco de alguns que mais nos marcaram. Sendo a prova orientada para os vinhos monocasta de Touriga Nacional, não se primou exactamente por uma enorme variedade de estilos, mas foi possível descortinar algumas diferenças evidentes entre alguns dos vinhos, mesmo dentro da mesma empresa.

A função iniciou-se com o Touriga Nacional Titular, do produtor Caminhos Cruzados. Um vinho quente com aromas típicos da casta, macio na boca mas algo curto. Muito interessante revelou-se o Ribeiro Santo, de Carlos Lucas, com algum carácter mineral, mais fresco que o anterior, bem estruturado e sem vestígios do estágio em madeira. Da Casa da Passarela veio um Touriga Nacional 2008, austero, com os aromas fechados, muito extraído e concentrado, a precisar de mais tempo em garrafa, e um Villa Oliveira 2009, proveniente de vinhas velhas com mais de 80 anos, elegante e fresco, sem sinal de sobrematuração. Pessoalmente prefirimos o estilo do segundo, pois o primeiro tende a aproximar-se daquele perfil que nalgumas ocasiões torna alguns vinhos de Touriga algo chatos e cansativos.

A Casa de Mouraz, propriedade de filho de viticultores, apresentou dois vinhos, produzidos em agricultura biológica, sendo um deles de lote com Jaen e uvas de vinhas velhas, apresentando uma frescura que foge ao tom um pouco monocórdico da Touriga. Da Dão Sul vieram as duas marcas emblemáticas da casa: um Quinta de Cabriz e um Casa de Santar. O primeiro era o mesmo que tive oportunidade de provar no almoço na Quinta de Cabriz e confirmou esse perfil. Talvez uns anos em garrafas lhe façam bem. Já o Casa de Santar fez pleno jus ao perfil dos vinhos da casa: elegante, não demasiado concentrado, com notas especiadas, suave e com taninos sedosos. Um clássico com o verdadeiro perfil do Dão, dos melhores do dia.

Outra das estrelas do dia foi o vinho de Júlia Kemper, um vinho sedutor com uma longa história contada na primeira pessoa pela produtora. Da mesma forma uma colheita de 1998 da Quinta dos Carvalhais, concentrado e aromático quanto baste para fazer frente a outros bem mais jovens, e a prometer ainda um longo futuro em garrafa.

Da Fonte do Gonçalvinho veio um casal luso (ele)-francês (ela), que se apaixonou pelo Dão e apresentou um vinho ainda muito jovem e a precisar de tempo na garrafa para crescer. Por seu lado, o “jovem” casal da Quinta do Escudial falou-nos da sua experiência no mundo do vinho que começou já bem dentro da terceira idade, destacando-se a coragem de rejeitar a madeira nos seus vinhos, o que lhes mantém alguma pureza e não os mascara, mostrando o verdadeiro carácter do Dão. E para destoar apresentou-nos um excelente branco já na fase dos petiscos.

Da Quinta das Marias veio mais um estrangeiro apaixonado pelo Dão, Peter Eckert, com um vinho muito vivo e firme na boca, com bons taninos mas todo em equilíbrio. Para terminar em beleza tivemos mais uma eloquente exposição de Luís Lourenço acerca do Quinta dos Roques, ficando desde logo anunciado que para o período pós-prova haveria mais vinhos para além da Touriga Nacional...

Terminada esta fase vieram então os comes, em pequenas sanduíches de composição diversa como salmão, legumes, hamburger, abrindo-se então a possibilidade de provar outros vinhos que não foram apresentados na primeira fase.

Já com o serão algo adiantado, os presentes foram-se retirando a pouco e pouco. Foi mais uma bela jornada de propaganda do Dão graças ao entusiamo dos dois organizadores, a quem mais uma vez cabe agradecer o empenho e o trabalho realizado. No entanto, fica a pergunta: que visibilidade se pode esperar destes eventos enquanto eles decorrerem em ambiente privado e sem qualquer envolvimento das entidades oficiais? Será que um grupo de algumas dezenas de entusiastas está mais interessado em divulgar os vinhos do Dão do que os responsáveis a quem esse trabalho supostamente competiria?

Kroniketas e os outros Dão Winelovers

Nota: devido a um problema com o flash, as fotos tiradas ficaram com deficiente qualidade, pelo que deixamos apenas alguns exemplos ilustrativos.

Comentários

Unknown disse…
De facto, e não de fato, foi mais um excelente evento, estando os organizadores, mais uma vez, de parabéns. Pessoalmente não apreciei o vinho apresentado por Júlia Kemper, nem por Peter Eckert. Concordo inteiramente que a cereja no topo do bolo foi a exposição de Luís Lourenço, no final da sessão.
Unknown disse…
Villa Oliveira Chato?? Será que provaram o mesmo vinho que eu?? Fico profundamente preocupado com as minhas avaliações sobre vinhos..
Unknown disse…
Villa Oliveira chato? Não sei se deva ficar preocupado com a minha nota de prova ou com o que leio.. extracção a mais? Ok..
Krónikas Tugas disse…
É capaz de ter havido aqui um erro de transcrição dos apontamentos. Tenho de rever as notas, tiradas à pressa e difíceis de ler...
Krónikas Tugas disse…
Aqui fica o esclarecimento: as notas foram trocadas em relação aos exemplares da Casa da Passarela... O que se dizia em relação ao Villa Oliveira referia-se ao Touriga Nacional, pelo que foi necessário proceder a uma pequena rectificação do texto.