Os “segundos vinhos”

O número de Março da Revista de Vinhos traz um painel de prova de vinhos tintos com preços situados, em média, entre os 7 e os 10 euros. São 53 vinhos com pontuações entre os 15 e os 17 valores e uma maioria nos 16, o que é uma bela classificação.

Segundo os autores, João Paulo Martins e João Afonso, estamos perante um conjunto de vinhos de elevada qualidade e ainda, segundo o editorial do director Luís Lopes, trata-se de vinhos que estão cada vez melhores e que são tão bons como eram os “primeiros vinhos” há seis ou sete anos. Luís Lopes realça que em muitos casos os “segundos vinhos” obtêm classificações apenas um ponto ou meio ponto abaixo dos “primeiros vinhos”. E fica a questão: vale a pena, muitas vezes, pagar 3 ou 4 vezes mais pelo “primeiro vinho” por um acréscimo de qualidade às vezes pouco relevante?

Esta questão prende-se com a que levantámos nos posts anteriores a propósito das últimas provas realizadas. Há vinhos caros cujo preço levanta muitas dúvidas em relação ao seu real valor. Já tivemos oportunidade de referir que é muitas vezes neste patamar até aos 10 euros que temos encontrado excelentes relações qualidade/preço, com muito bons vinhos a preços não muito "picantes". Só para citar alguns exemplos deste painel, o Casa de Santar Reserva, o Cabriz Reserva, o Herdade do Peso, o Cortes de Cima, o Vinha Grande ou o Vinha da Defesa são vinhos que nos parecem merecedores de toda a atenção e que não deixam ninguém ficar mal quando os serve.

Claro que há sempre algumas tendências de snobismo ou novo-riquismo, de entendidos que acham que vinhos destes são apenas medianos, honestos ou bem feitos, e para quem o caro é sempre bom e o bom tem sempre de ser caro. A nossa opinião é completamente diferente e, a julgar por estes artigos, não estamos sozinhos.

Kroniketas, enófilo mais ou menos poupado

Comentários