Krónikas do Alto Alentejo (XXII)

No meu copo, na minha mesa 178 - Lóios 2006; Restaurante Cadeia Quinhentista (Estremoz)




De passagem por Estremoz, depois da visita ao Monte da Caldeira de João Portugal Ramos, fui à procura do famoso restaurante São Rosas, junto à Pousada de Santa Isabel. Logo por azar estava fechado. Fiquei por ali a ver a paisagem lá em baixo, a dar uma vista de olhos à pousada quando o meu olhar pousou numa placa que indicava Cadeia Quinhentista, que já alguém me tinha referido, para uma rua estreitinha que saía junto da pousada.

Fui ver o aspecto e entrei, atraído pelas opções de caça da ementa. Ainda cá fora, para além da ementa está uma explicação sobre a história do edifício. Ali funcionou a cadeia de Estremoz.
Depois de abandonada, o actual dono, que entretanto tinha saído da Pousada de Santa Isabel, negociou com a Câmara Municipal a reconversão do edifício para restaurante, e assim nas antigas masmorras repousam agora as mesas do restaurante e um bar (no piso superior há outro bar).

O ambiente é acolhedor, estando o interior decorado com cores quentes, em tons de vermelho, e há música ambiente a dar as boas vindas ao cliente. Era dia de semana, ao almoço, pelo que não havia muita gente. Fui conduzido por uma simpática senhora a uma mesa na sala mais interior e sentei-me junto a uma janela fechada a grades.

Estando sozinho, não havia grandes possibilidades de fazer escolhas muito complicadas, mas entre as elaboradíssimas opções existentes na carta comecei por uma canja de perdiz, seguindo-se como prato principal meia perdiz marinada em azeite, que veio decorada com pequeninos bagos de uva e castanhas. Ambos estavam excelentes, com a perdiz em azeite a mostrar aromas diferentes do habitual mas muito bem confeccionada.

Para sobremesa um doce incontornável do Alentejo, que repeti sempre que pude, tal como a encharcada: a sopa dourada, irrepreensível, um daqueles doces que fazem a delícia de quem gosta de doces à base de ovos.

Finalmente, o vinho. Tive de optar por meia garrafa e a escolha recaiu num vinho de João Portugal Ramos, o Lóios. Não sendo nada de extraordinário, faz parte daquele lote de vinhos que, sendo baratos, são agradáveis e fáceis de beber. Embora os 14% de álcool se façam sentir, mostra uma certa macieza e uma predominância frutada, com alguma persistência final. Um vinho agradável sem grandes complexidades nem pretensões.

A par de tudo isto, um serviço excelente, competentíssimo, atento, eficiente e simpático. A meio da refeição o próprio dono veio ter comigo para saber se estava tudo a decorrer a contento. A senhora que me conduziu à mesa e me atendeu durante a refeição mostrou ter formação na matéria, tal o profissionalismo que demonstrou ao longo de todo o serviço. O preço faz-se sentir, mas pela elevada qualidade do serviço acaba por não ser excessivo. É um local a voltar para uma refeição calma em ambiente recatado.

Kroniketas, enófilo viajante

Vinho: Lóios 2006 (T)
Região: Alentejo (Borba)
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos
Grau alcoólico: 14%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Castelão e outras
Preço em feira de vinhos: 2,64 €
Nota (0 a 10): 6,5

Restaurante: Cadeia Quinhentista
Rua Rainha Santa Isabel
7100-509 Estremoz
Tel: 268.323.400
Preço por refeição: 35 €
Nota (0 a 5): 5

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