Bacalhau: branco ou tinto? A polémica (2)



Já que estamos em época de campanha eleitoral, e como não fazia sentido estar aqui a comer bolo-rei de boca aberta, decidi prantar a minha resposta ao Kroniketas em jeito de comunicado.

Vamos então esclarecer umas coisitas:

1. Beber vinho tinto com bacalhau não é dogma nenhum e que vinho beber depende de forma crítica do tipo de prato confeccionado com o referido gadídeo.

2. Quando penso em bacalhau, penso essencialmente nas formas mais tradicionais de o confeccionar: com todos, com grão ou naquela variedade de receitas no forno que vão dar mais ou menos ao mesmo (cebola por cima e etc.). Não me vêm à ideia aquelas formas mais mariconças de cozinhar o espalmado como o bacalhau com natas, o espiritual ou outras afins.

3. Concordo em absoluto que em relação a estas últimas um branco ligeiro é a melhor opção, se bem que um tinto novo, leve e frutado, também não caia mal.

4. O Kroniketas confessou-me que não come bacalhau com grão (nem a sua variante meia-desfeita) e não gosta de bacalhau com todos. Assim sendo, se bebeu tinto com os tais pratos mais delicados, é natural que não tenha ligado bem.

5. Eu acho que com os pratos mais tradicionais o tinto se liga melhor, embora um branco com madeira e corpo também possa ser opção. Daqui para a frente, quando me referir ao bacalhau, estou a falar destes pratos e não das natinhas ou soufflés.

6. Não gosto muito de vinho verde, embora beba de quando em vez.

7. O champanhe acompanha bem qualquer refeição, da entrada à sobremesa. Também já experimentei e gostei.

8. Não penso que o vinho tinto vá chocar com o sabor do bacalhau. Pelo contrário, se o vinho não tiver estrutura vai perder-se porque – sim, é verdade! – o bacalhau tem um sabor intenso. Mesmo se for tinto, mas desadequado.

9. Experimentem um Douro com uns 5 anitos a acompanhar uma posta de bacalhau com grão e depois venham falar comigo (logo após não, que o alho e a cebola são bastante activos no que toca ao hálito; deixem passar umas horas e lavem bem os dentes – depois disso já podem vir).

10. Em suma, e para fechar o círculo, não há dogma nenhum e, em última análise, se nos souber bem podemos beber o que quisermos. À vossa (levar o copo à boca e beber um bom trago, mas nada de alarvidades).

tuguinho, enófilo esforçado

P.S. – aqui que ninguém nos ouve, nem sou um grande apreciador de bacalhau… vou comendo…

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