No meu copo, na minha mesa 7 - Réveillon 2005-2006 (2ª parte)

Vinha da Defesa 2003


O vinho do jantar de fim de ano, cujo restaurante analisámos no post anterior, foi o Vinha da Defesa tinto de 2003, da Herdade do Esporão. Dentro da vasta gama de vinhos daquela herdade, o Vinha da Defesa situa-se num patamar intermédio de preço e qualidade, acima dos produtos de combate da gama média e média-baixa, como o Monte Velho (o campeão de vendas da empresa) e o Alandra, e abaixo dos de qualidade superior como os diversos varietais, o Esporão Reserva e aquele que, não sendo o topo de gama da casa, para mim é o melhor vinho da empresa e um dos melhores do país, merecedor quase de nota máxima: o Quatro Castas.

O Vinha da Defesa tinto, com 14 graus de álcool, revelou-se inicialmente algo agressivo, logo após a abertura. No entanto, à medida que a garrafa foi esvaziando e o vinho arejando, na garrafa e nos copos, a adstringência inicial foi-se esbatendo, os aromas foram-se libertando, revelando um ligeiro toque a especiarias em harmonia com um carácter frutado, tornando o conjunto bastante mais agradável. Aliás, é uma característica comum nos vinhos da Herdade do Esporão que não me canso de realçar: são tão bem feitos que, mesmo tendo um grau alcoólico normalmente acima dos 13º, não se nota quando se bebe, porque está bem envolvido pelo corpo, pelos aromas e pela acidez do vinho.

Para mim este Vinha da Defesa, não sendo extraordinário, não deslustra o nome da casa e pode ser um compromisso interessante para quem não quer gastar muito dinheiro mas pretende algo mais que um vinho para o dia-a-dia, como o inevitável Monte Velho, também ele uma referência nos vinhos da gama média. Como não é muito robusto é aconselhado para acompanhar pratos de carne requintados, não excessivamente temperados (de que o tornedó é um bom exemplo). O seu preço situa-se no mesmo patamar do Duas Quintas, já referido noutro post, embora o consideremos um pouco inferior a esse vinho do Douro.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Vinha da Defesa 2003 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 14%
Castas: Aragonês, Castelão
Preço em feira de vinhos: 6,37 €
Nota (0 a 10): 7,5


Foto da garrafa obtida no site do produtor

PS: Este post foi escrito ao som do Danúbio Azul e da Marcha Radetzsky, de Johann Strauss, transmitidas pela RTP no concerto de ano novo da Orquestra Filarmónica de Viena. O que pode haver de mais sublime, para além do próprio vinho?

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